quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Antiga capital

O lugar onde eu moro é uma merda, ruim mesmo. Eu moro na região metropolitana de Porto Alegre, uma cidade chamada Viamão, que foi por muito tempo tempo a capital do estado, e hoje não é mais, a capital é Porto Alegre.
Para eu ir ao centro de Porto Alegre normalmente demoro 45 minutos de ônibus, e para eu ir ao centro de Viamão, cidade onde eu moro, eu demoro 45 minutos de ônibus, então, qual a diferença?
Viamão é uma MERDA, para eu ir a qualquer lugar eu preciso pegar ônibus, não há banco, hospital, hipermercado, cinema, pizzaria, restaurante e nem se quer uma praça decente perto da minha casa, não há infraestrutura para a população, os postos de saúde são um enfeite porque não resolvem metade dos problemas da população, há um médico no posto de saúde. UM MÉDICO para atender cerca de sei lá, 5, 6 mil pessoas do meu bairro, é impossível.
Há supermercados próximos, há farmácias, há o básico para se viver, mas nada além disso. E tem um caixa 24 horas dentro de um mercado que fecha ás 20hs, ou seja há um caixa disponível, que nem sempre funciona, das 9 da manhã ás 20hs, e claro, o mercado fecha ao meio-dia, aliás, tudo aqui fecha ao meio-dia, inclusive o posto de saúde.
E sabe o que tem mais perto da minha casa? Há uns 100 metros tem um ponto de tráfico, não é uma maravilha, e esse, eu tenho certeza que não fecha ao meio-dia. E tem também uma vizinha do lado que não grita, e sim BERRA com os filhos, O DIA INTEIRO, isso quando ela não liga o rádio nas alturas com AI SE EU TE PEGO!
Eu moro aqui desde que estava na barriga da minha mãe, as cicatrizes em meus joelhos e pernas e braços e rosto foram adquiridas brincando nas árvores do nosso pátio, a cidade em si  é uma verdadeira bosta, mas eu gosto da minha casa, meio que resquícios da minha infância, que não há nada melhor do que crescer morando em casa de pátio grande, com árvores. Hoje, por exemplo, enquanto eu costurava minhas coisinhas de feltro os passarinhos estavam cantando na árvore que tem do lado da janela do meu quarto, isso é fofo *-*
E todo esse mimimi é porque moramos em uma área chamada “área verde”, popular ocupação ou favela se preferirem (apesar de não parecer com uma favela porque a minha rua é a avenida principal, e isso não é um morro). Uma área que não é nossa, não pagamos iptu, é do governo. Eu moro há 24 anos aqui e desde que me conheço por gente escuto que seremos desocupados dessa região e recolocados em outro lugar, mas isso nunca aconteceu, até o fucking PAC do governo começar, o prazo para nos colocarem nas novas casas é de UM ANO E MEIO.
Um ano e meio para me despedir da minha aconchegante casa, não é grande, não é luxuosa, mas é a minha casinha. E sair dela para ir para uma casa 5X5m², GEMINADA, velho, GEMINADA, existe alguma coisa pior do que casa geminada? Colada com a parede do vizinho, com pátio de 1m², cara, UM METRO QUADRADO DE PÁTIO, como minha cachorrinha vai sobreviver a UM METRO QUADRADO? Sem contar a parte do geminada, eu já falei que minha vizinha do lado BERRA o dia todo? Sim, imagina isso em uma casa geminada.
E eu não falei ainda do melhor, a região, ah sim, essa é a melhor parte, lá no início do post eu falei que tem um ponto de tráfico há 100 metros da minha casa, é, com a nova região eu teria que passar no meio do tráfico para pegar o ônibus para ir pra faculdade, e legal, bacana e super maneiro, passar por alí na volta da aula, ou seja, de noite, olha, só tá ficando melhor minhas expectativas pela casa nova. As obras começaram essa semana, ou aceitamos isso, ou compramos um terreno, como comprar um terreno é impossível porque não há la plata, provavelmente moraremos lá, oh lord, salve-se quem puder!!
Minha torcida é para dar tudo errado, surgir uma puta roubalheira da prefeitura e demorar uns três anos para tudo ficar pronto, quem sabe assim haja outra solução e não tenhamos que ir para lá, vai prefeito de Viamão, faça o que você faz de melhor, ROUBE, desvie e enfie nas calças o dinheiro do PAC, faça com que essa fucking obra se arraste, da eleitora que anula o voto sempre, Daiane, bêj!

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